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Em "A Revolta da Natureza", Ermínio Guedes faz alerta sobre crise ambiental

10 junho 2025 - 11h32Por Charles Aparecido

O escritor Ermínio Guedes, de 73 anos, lança nesta sexta-feira (13), às 19h, na Casa de Cultura da UEMS, o livro “A Revolta da Natureza”, uma obra que reúne reflexões ambientais construídas ao longo de cinco anos de pesquisa e escrita.

Agrônomo, ex-professor universitário, gestor público, empresário e perito judicial, Guedes carrega uma longa trajetória voltada à educação ambiental e ao desenvolvimento social. O livro foi produzido com recursos próprios e aborda os seis biomas do Brasil: Amazônia, Cerrado, Caatinga, Mata Atlântica, Pantanal e Pampa, destacando as principais ameaças ambientais e propondo reflexões urgentes para a recuperação do patrimônio natural do país.

Segundo o autor, a motivação para a escrita surgiu em um momento de recolhimento e reflexão pessoal. “Foi durante a pandemia. Fiquei prisioneiro daquele momento, e entendi que ali estava uma oportunidade importante para escrever sobre o que vi, presenciei, discuti, fiz e deixei de fazer ao longo da minha trajetória de trabalho”, explica Ermínio.

A obra é resultado de vivências com comunidades rurais e urbanas, como quilombolas, agricultores familiares e moradores de periferias, com foco em três eixos principais: educação, saúde e assistência social. “Tudo aquilo que eu tinha como percepção e ainda não tinha comprovado, eu busquei provas nesse período. Coloquei no papel o que presenciei, coisas boas e ruins, uni isso com uma inspiração profunda que tive ao ler a Carta Encíclica ‘Laudato Si’, do Papa Francisco, publicada em 2015. Essa leitura me tocou profundamente”, destaca o autor.

O livro apresenta uma leitura da realidade ambiental brasileira, que, segundo Guedes, vive um esgotamento de suas reservas naturais após décadas de agressões.

“A natureza está revoltada com os humanos, que a destroem em nome da riqueza. Chegamos ao limite da resistência. A Revolução Verde já havia devastado, e com o liberalismo econômico dos anos 1990, a rapinagem aumentou com o capital internacional explorando o que restava”, afirma.

Ermínio também chama atenção para a atual situação do Pantanal e de outras regiões críticas do país.

“O Pantanal pode acabar até o final do século, se continuarem as agressões. A Bacia do Paraguai já não tem a mesma água de 50 anos atrás. E a Serra da Bodoquena corre risco com a intensificação do plantio de soja. Isso pode comprometer um ciclo virtuoso de turismo na região”, alerta.

A abordagem do livro não se limita ao meio rural. A crítica se estende também aos espaços urbanos, vistos pelo autor como parte do problema ambiental.

“O meio rural virou crematório ambiental e as cidades, fábricas de veneno. Não por acaso, as doenças aumentam aceleradamente. Somos produto do ambiente onde vivemos. Se o ambiente está doente, nós também adoecemos”, argumenta.

Por fim, Guedes defende a articulação de políticas públicas para reverter esse cenário. “Quem não cuida do meio ambiente não faz prevenção em saúde. Preservar e recuperar a natureza é essencial para prevenir doenças. Precisamos de política pública para isso. Preservar as florestas, recuperar áreas degradadas e cessar o desmatamento são medidas urgentes”, conclui.

SOBRE O LIVRO

Com 300 páginas e oito capítulos, o livro será vendido por R$ 85 durante o evento, que acontece na Rua Monte Alegre, 1955, esquina com a João Cândido da Câmara, na Vila Progresso, em Dourados. Após o lançamento, a obra também estará disponível na Livraria Canto das Letras. “A Revolta da Natureza” propõe um debate direto e necessário sobre os impactos ambientais da ação humana e a urgência de uma nova consciência ecológica.